O Brasil abriga 203 milh?es de pessoas, com um PIB per capita real de US$ 9.032 em 2023. ? um grande pa¨ªs federativo composto pela uni?o (governo federal), 26 estados (mais o Distrito Federal) e mais de 5.500 munic¨ªpios. Embora seja uma sociedade altamente diversa, a discrimina??o racial e de g¨ºnero persiste como barreiras sist¨ºmicas que limitam as oportunidades de indiv¨ªduos e fam¨ªlias quebrarem o ciclo intergeracional da pobreza.
Os brasileiros vivem em v¨¢rios ecossistemas em uma massa de terra de 8,5 milh?es de km2 (aproximadamente o tamanho do territ¨®rio continental dos Estados Unidos), com diferen?as acentuadas de ra?a, hist¨®ria e cultura. O ?ndice de Capital Humano (IHC) geral do pa¨ªs mostra que as crian?as nascidas hoje apresentar?o, quando adultas, apenas 55% da produtividade que teriam se contassem com acesso total a oportunidades de sa¨²de e educa??o de qualidade. Considerando o desemprego adulto, a produtividade cai para 33%, o que implica que 67% do talento do Brasil ¨¦ perdido.
Afro-brasileiros e povos ind¨ªgenas t¨ºm menos acesso a escolas e servi?os de sa¨²de de boa qualidade do que os brancos, e as mulheres enfrentam discrimina??o no trabalho, o que limita seu potencial de ganhos. Mesmo antes da pandemia de COVID, algumas ¨¢reas do Brasil tinham um IHC em torno de 40% (por exemplo, nas regi?es Norte e Nordeste), semelhante ao que pode ser encontrado na ?frica Subsaariana, enquanto outras (por exemplo, nos locais mais ricos do Sudeste) tinham ¨ªndices em torno de 70%, no mesmo n¨ªvel dos pa¨ªses da Organiza??o para a Coopera??o e Desenvolvimento Econ?mico (OCDE).
O PIB real do Brasil cresceu 2,9% em 2023 e deve crescer 2,8% em 2024, impulsionado pelo consumo s¨®lido, sustentado por um mercado de trabalho robusto e por transfer¨ºncias fiscais. O crescimento real do PIB dever¨¢ ser mais moderado em 2025 (2,2%) e convergir para 2,3% no m¨¦dio prazo, refletindo o efeito das reformas estruturais passadas e em curso.
A infla??o deve convergir gradualmente para 3,8% at¨¦ 2025, dentro da meta do Banco Central, embora uma recente deteriora??o das expectativas de infla??o provavelmente diminua o ritmo da flexibiliza??o monet¨¢ria, o que, por sua vez, contribuir¨¢ para um crescimento moderado.
A pobreza, medida na linha de US$ 6,85 per capita por dia, diminuiu de 23,5% em 2022 para 21,8% em 2023, explicada por melhorias nas condi??es econ?micas e pol¨ªticas de prote??o social, como o programa Bolsa Fam¨ªlia.
Os amortecedores macroecon?micos do Brasil permanecem s¨®lidos, com amplas reservas internacionais, baixa d¨ªvida externa, um banco central confi¨¢vel e independente, um sistema financeiro resiliente e flexibilidade cambial. Al¨¦m disso, o Brasil iniciou a primeira fase de uma bastante esperada reforma dos impostos indiretos, cuja legisla??o vem sendo elaborada ao longo de 2024. Espera-se que a reforma dos impostos indiretos melhore o ambiente empresarial por meio da simplifica??o fiscal e aumente a produtividade.
No entanto, o d¨¦ficit prim¨¢rio das administra??es p¨²blicas atingiu 2,4% do PIB em 2023, face a um excedente de 1,2% em 2022, enquanto a d¨ªvida p¨²blica se situou em 74,4% do PIB, face a 71,7% em 2022. Os desafios estruturais para a economia brasileira incluem um sistema tribut¨¢rio ainda complexo, um ambiente de neg¨®cios complicado que desestimula o empreendedorismo, baixa poupan?a e investimentos em infraestrutura e integra??o limitada em mercados globais que restringem a inova??o e prejudicam a competitividade. Projeta-se que os desafios relacionados ao envelhecimento, particularmente na sa¨²de e nas pens?es, pressionem as finan?as p¨²blicas.
Elevar os n¨ªveis de produtividade e crescimento sustent¨¢vel continua a ser um desafio fundamental que se tornou urgente e exigir¨¢ uma a??o mais ousada. O crescimento da produtividade na manufatura e nos servi?os est¨¢ estagnado h¨¢ 20 anos e as proje??es de crescimento permanecem abaixo dos demais pa¨ªses de renda m¨¦dia alta. Embora o setor agr¨ªcola tenha registrado ganhos de produtividade (por meio de investimentos em inova??o, tecnologia e log¨ªstica comercial, bem como incentivos governamentais espec¨ªficos do setor) e sustentado a posi??o do Brasil como o terceiro maior exportador agr¨ªcola e de alimentos do mundo, parte desse sucesso dependeu de m¨¦todos agr¨ªcolas extensivos, que amea?am importantes biomas e a biodiversidade.
No geral, agora est¨¢ claro que o Brasil n?o pode contar com booms de mat¨¦rias-primas, maiores insumos de terra e m?o de obra para alcan?ar o status de alta renda. Em vez disso, precisa se afastar do ac¨²mulo de fatores para um modelo de crescimento liderado pela produtividade de baixo carbono, impulsionado por educa??o de alta qualidade e infraestrutura moderna, incluindo digital, para criar mais e melhores empregos. O Brasil tamb¨¦m poderia atuar como um centro global de inova??o por meio de mais concorr¨ºncia, maior abertura ao com¨¦rcio e integra??o com cadeias de valor regionais e globais.
Um ambiente empresarial mais prop¨ªcio atrairia maior investimento privado nas ind¨²strias e na transi??o clim¨¢tica. Apesar da evolu??o do sistema financeiro, s?o necess¨¢rios mais progressos para aumentar a sua efici¨ºncia. Finalmente, o Brasil poderia capacitar toda a for?a de trabalho para contribuir e se beneficiar ainda mais, especialmente aliviando as barreiras sist¨ºmicas que limitam a acumula??o de capital e as oportunidades de emprego entre afro-brasileiros, povos ind¨ªgenas, mulheres e jovens.
Al¨¦m disso, os recursos naturais do Brasil o posicionam bem para explorar novas oportunidades de crescimento neste momento em que o mundo muda para setores e mercados econ?micos de baixo carbono. Como tr¨ºs quartos das emiss?es de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil resultam de mudan?as no uso da terra e da agricultura, parar o desmatamento e fazer a transi??o para a agricultura de baixo carbono s?o uma prioridade.
A Floresta Amaz?nica est¨¢ agora perto de um ponto de inflex?o al¨¦m do qual pode n?o gerar chuvas suficientes para sustentar seu pr¨®prio ecossistema, bem como a agricultura, a energia hidrel¨¦trica, o abastecimento de ¨¢gua e as ind¨²strias que alimentaram o crescimento do Brasil, tampouco os servi?os ambientais que presta ao resto da Am¨¦rica Latina e Caribe, bem como ao resto do mundo. Os esfor?os para deter o desmatamento na Amaz?nia n?o podem resultar em mais desmatamento em outros biomas, como o Cerrado, pois eles tamb¨¦m s?o importantes por raz?es semelhantes.
O setor agr¨ªcola tem espa?o para conter o desmatamento e ampliar o uso da terra com impacto clim¨¢tico, ao mesmo tempo em que aumenta ainda mais sua produtividade. Al¨¦m disso, dada sua matriz energ¨¦tica de baixo carbono, o Brasil pode diminuir as emiss?es de carbono geradas pelo transporte, a ind¨²stria e as cidades a um custo l¨ªquido muito baixo, de cerca de 0,5% do PIB ao ano, em m¨¦dia, at¨¦ 2050. Isso posicionaria o Brasil muito bem para integrar seus neg¨®cios ¨¤ economia verde do futuro.
Progressos significativos est?o ao nosso alcance, mas o tempo ¨¦ curto. O atual governo trouxe vontade pol¨ªtica renovada, uma forte agenda de reformas e ambiciosos programas de desenvolvimento para combater a fome e a desigualdade, promover a justi?a social, reindustrializar o Brasil e abra?ar uma economia mais verde. Est¨¢ empenhado em atingir zero desmatamento ilegal at¨¦ 2030 e lan?ou um ambicioso Plano de Transforma??o Ecol¨®gica (PTE) para promover o desenvolvimento inclusivo e sustent¨¢vel enquanto combate as mudan?as clim¨¢ticas. Os objetivos do PTE s?o aumentar a produtividade e gerar empregos verdes bem remunerados, reduzir a pegada ambiental da economia e promover o desenvolvimento equitativo por meio de uma melhor distribui??o de renda e benef¨ªcios.
Al¨¦m disso, um progresso significativo exigir¨¢ esfor?os sustentados e forte ades?o entre os principais atores, inclusive no setor privado, de forma que transcenda as divis?es pol¨ªticas e os ciclos eleitorais. Se bem-sucedidos, os programas, pol¨ªticas e reformas adotados agora ajudariam a fortalecer a estrutura produtiva e as inova??es tecnol¨®gicas do Brasil no curto prazo, ao mesmo tempo em que gerariam bases mais s¨®lidas para o longo prazo.
?ltima atualiza??o: 21 de outubro de 2024