A desigualdade ¨¦ uma marca em toda a hist¨®ria da Am¨¦rica Latina e do Caribe. Essa diferen?a entre ricos e pobres alimentou anos de instabilidade pol¨ªtica e social em uma regi?o caracterizada por enormes reservas de recursos naturais e por uma m?o de obra abundante.
H¨¢ pouco mais de uma d¨¦cada, por¨¦m, essa lacuna come?ou a diminuir. Um dos motivos ¨¦ um momento econ?mico sem precedentes, que permitiu aos latino-americanos ¨C s¨® no Brasil, foram 22 milh?es entre 2003 e 2009 ¨C sair da pobreza.
(i) analisa algumas das causas que levaram ¨¤ diminui??o da desigualdade, traduzida em uma queda do ¨ªndice de Gini (coeficiente de distribui??o de renda). A m¨¦dia passou de 0.530 (no fim dos anos 1990) a 0.497 (em 2010).
Dos 17 pa¨ªses para os quais existem dados compar¨¢veis, 13 apresentaram queda. Esse fen?meno ocorre em um momento no qual v¨¢rias partes do mundo registram um aumento desse ¨ªndice. Quanto mais pr¨®ximo de 0 for o ¨ªndice de um pa¨ªs, mais igualdade de renda ele apresenta; quanto mais perto de 1, mais desigual ele ¨¦.
Expans?o econ?mica
O estudo, realizado por Nora Lustig, Luis F. L¨®pez-Calva e Eduardo Ortiz-Juarez, avalia o que ocorreu em tr¨ºs pa¨ªses latino-americanos de renda m¨¦dia:
- Argentina, que apresentou taxas impressionantes de crescimento durante o per¨ªodo analisado e, entre os anos 1970 e 1990, exibiu a maior taxa de desigualdade da regi?o.
- Brasil, cujo avan?o econ?mico nos anos 2000 se traduziu em maior bem-estar social.
- ²Ñ¨¦³æ¾±³¦´Ç, que teve menor expans?o econ?mica, mas atua??o mais forte nos mercados internacionais, por meio do Tratado Norte-Americano de Livre Com¨¦rcio (Nafta).
Segundo o estudo, durante a primeira d¨¦cada dos anos 2000, houve um aumento na renda familiar e no tempo de escolariza??o. Ao mesmo tempo, reduziu-se a desigualdade entre a renda laboral e n?o laboral (as provenientes de juros ou programas como o Bolsa Fam¨ªlia, por exemplo).
Empregos e sal¨¢rios
No Brasil, o ¨ªndice de desigualdade social cresceu ao longo dos anos 1970 e 1980, batendo um recorde negativo global em 1989: 0.630. Pouco mudou na d¨¦cada de 1990. No entanto, em 1998, o coeficiente de Gini passou a baixar.
Anos mais tarde, entre 2002 e 2009, a renda dos 10% mais pobres come?ou a crescer a 7% ao ano ¨C quase tr¨ºs vezes mais do que a m¨¦dia nacional ¨C, enquanto a dos 10% mais ricos subia a apenas 1.1% anual. Nesse per¨ªodo, a popula??o brasileira se beneficiou de empregos mais bem pagos, de programas de transfer¨ºncia de renda e de um gasto maior na educa??o b¨¢sica.
Os autores do estudo ressaltam que empregos e sal¨¢rios foram os principais respons¨¢veis (a partir de 2006) pela maior parte da queda na desigualdade. No entanto, tamb¨¦m reconhecem a import?ncia de programas como o Benef¨ªcio de Presta??o Continuada (pago aos mais velhos) e o Bolsa Fam¨ªlia.
Nesse ¨²ltimo ¨C que hoje beneficia 13,8 milh?es de fam¨ªlias ¨C, m?es e pais s¨® recebem o benef¨ªcio se mandarem os filhos para a escola. Essa exig¨ºncia ajuda, segundo o relat¨®rio, a diminuir a evas?o escolar e o trabalho infantil.
Prioridade ¨¤ educa??o
O sucesso do Brasil, da Argentina e do ²Ñ¨¦³æ¾±³¦´Ç, no entanto, pode ser dif¨ªcil de manter. Segundo o estudo, a crise global amea?a o crescimento econ?mico e o com¨¦rcio exterior nesses pa¨ªses.
Investir em educa??o de qualidade para todos ¨¦ importante para manter as conquistas econ?micas e sociais ¨C e proteger a m?o de obra local. ¡°A diminui??o na desigualdade n?o pode ser ignorada¡±, dizem os autores. ¡°Ela exige trabalho ¨¢rduo tanto por parte dos formuladores de pol¨ªticas p¨²blicas quanto dos pr¨®prios pol¨ªticos.¡±