Em 2020, o Brasil enfrentou rupturas socioecon?micas de propor??es hist¨®ricas. O in¨ªcio da pandemia da COVID-19 quebrou v¨¢rios recordes indesej¨¢veis ??no Brasil. Primeiro, a pandemia causou um enorme custo humano direto, adoecendo milh?es e causando a morte de mais de 619.000 brasileiros em 2021. Segundo, a economia brasileira experimentou a pior contra??o na s¨¦rie hist¨®rica registrada: o produto interno bruto (PIB) real per capita diminuiu 4,7 por cento em 2020 (em compara??o com o recorde anterior de -4,4 por cento em 2015). Terceiro, os fechamentos relacionados ¨¤ COVID e outras medidas levaram a uma queda da taxa de participa??o sem precedentes no mercado de trabalho, com cerca de 10 milh?es de pessoas deixando a for?a de trabalho entre o terceiro trimestre de 2019 e o terceiro trimestre de 2020.
A crise induzida pela pandemia ¨¦ a segunda na hist¨®ria econ?mica recente do Brasil, ap¨®s a crise ocorrida entre 2014 e 2016. Essas desacelera??es econ?micas praticamente interromperam o progresso na redu??o da pobreza e aumentaram as disparidades naquele que j¨¢ era um dos pa¨ªses mais desiguais do mundo. O Relat¨®rio de Pobreza e Equidade do Brasil adota uma abordagem anal¨ªtica para estudar a situa??o da popula??o brasileira ao enfrentar esses choques econ?micos. Focalizado no choque gerado pela pandemia, o relat¨®rio combina dados de pesquisas domiciliares, dados administrativos e pesquisas telef?nicas para: i) analisar como os mais vulner¨¢veis ??resistiram aos impactos da pandemia e como o apoio do governo proporcionou prote??o durante esse per¨ªodo; ii) apresentar um perfil detalhado dos pobres e vulner¨¢veis?, incluindo dados de comunidades tradicionais n?o publicados antes; iii) compreender as vulnerabilidades n?o monet¨¢rias da popula??o como os riscos aos eventos de mudan?as clim¨¢ticas; e iv) discutir as implica??es das pol¨ªticas p¨²blicas que podem ajudar a combater as causas estruturais da pobreza.