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OPINI?O 12 de julho de 2019

Bretton Woods: 75 anos de solidariedade com a Am¨¦rica Latina e o Caribe

Das cinzas de um mundo devastado pelos horrores de uma guerra sem precedentes nasceu um novo paradigma de paz.

H¨¢ 75 anos, delega??es de 44 pa¨ªses se reuniram no isolado Mount Washington Hotel em Bretton Woods, estado de New Hampshire. Sua miss?o, nas palavras de Henry Morgenthau Jr., secret¨¢rio de Tesouro dos EUA, era empreender a??es concretas para radicar os fundamentos econ?micos da paz no leito da coopera??o internacional. A confer¨ºncia de Bretton Woods deu origem ¨¤s institui??es que hoje conhecemos como Fundo Monet¨¢rio Internacional (FMI) e Grupo Banco Mundial.

No entanto, o papel fundamental da Am¨¦rica Latina na Confer¨ºncia de Bretton Woods muitas vezes passa despercebido. Quase metade dos pa¨ªses representados na confer¨ºncia eram da regi?o -- ao todo, 19 delega??es. Um acordo sem o apoio da Am¨¦rica Latina teria sido imposs¨ªvel.

O ministro da Fazenda do M¨¦xico, Eduardo Lopez, junto com o assistente do secret¨¢rio de Tesouro dos EUA, Harry Dexter White, e o assessor econ?mico do ministro da Fazenda brit?nico, John Maynard Keynes, presidiram as tr¨ºs comiss?es que levaram ¨¤ forma??o do FMI e do Banco Mundial. Ao dirigir-se aos delegados, Lopez ressaltou a import?ncia de esfor?os coordenados para enfrentar os desafios de um mundo que se recuperava das mazelas da Segunda Guerra Mundial. Ele enfatizou o emprego de uma "abordagem cooperativa e unida para fazer frente aos grandes problemas financeiros em n¨ªvel internacional. Como membros das Na??es Unidas, aceitamos como premissa b¨¢sica o desejo de trabalharmos juntos para resolver os problemas em comum".

O chefe da delega??o brasileira, Arthur de Souza Costa, contribuiu com uma explica??o eloquente dos valores que motivaram a confer¨ºncia. "Representamos pa¨ªses de todos os cantos do mundo, mas nos guiamos por uma s¨® convic??o -- nossa confian?a nos resultados da coopera??o em uma atmosfera moral que permita a cada na??o viver de acordo com sua vontade soberana, em harmonia com suas tradi??es, sua cultura e os ditames de seus cora??es", disse. "Em oposi??o ¨¤ cren?a nazista de que o direito de governar o mundo adv¨¦m de suposta superioridade racial, Bretton Woods oferece um caminho que permite pautar o destino da humanidade no desenvolvimento da fraternidade humana." ? ¨¦poca, as delega??es latino-americanas entendiam o ideal que norteia a miss?o do Grupo Banco Mundial: o progresso s¨® ¨¦ poss¨ªvel com trabalho conjunto e um esp¨ªrito de solidariedade. A institui??o ¨¦ l¨ªder em mat¨¦ria de desenvolvimento internacional e redu??o da pobreza, mas n?o trabalha sozinha -- desde 1944, atua de m?os dadas com governos, institui??es e organiza??es que compartilham de seus objetivos.

A primeira tarefa foi ajudar os pa¨ªses europeus a se reconstruir e recuperar da devasta??o causada pela guerra (seu primeiro empr¨¦stimo foi para a Fran?a em 1947). Mas a institui??o logo mudou seu foco para atender as necessidades de seus membros na Am¨¦rica Latina, ?frica e ?sia. No in¨ªcio, essa a??o se traduziu, em grande parte, no financiamento de grandes projetos de infraestrutura. Com a cria??o da Associa??o Internacional de Desenvolvimento, em 1960, o banco passou a dar mais ¨ºnfase aos pa¨ªses mais pobres e, na d¨¦cada de 1970, voltou sua aten??o para a erradica??o da pobreza, foco que mant¨¦m at¨¦ hoje.

Hoje, o trabalho do Banco Mundial na Am¨¦rica Latina e Caribe est¨¢ vinculado a uma estrat¨¦gia sustentada por tr¨ºs pilares: promover o crescimento inclusivo, investir em capital humano (especialmente em educa??o e sa¨²de) para preparar as pessoas para os desafios e oportunidades apresentados pela natureza mutante do trabalho e construir resili¨ºncia para aumentar a capacidade dos pa¨ªses administrarem e resistirem a choques como os causados por desastres naturais, problemas econ?micos, migra??o, crime e viol¨ºncia.

Esses princ¨ªpios suscitaram um per¨ªodo extraordin¨¢rio de forte crescimento econ?mico. Desde meados do s¨¦culo passado, centenas de milh?es de pessoas sa¨ªram da pobreza na Am¨¦rica Latina e no Caribe e grande parte da regi?o prosperou. No entanto, embora devamos comemorar as conquistas, ainda h¨¢ muito a ser feito -- quase um quarto da popula??o continua na pobreza e v¨¢rios pa¨ªses ainda figuram entre os mais pobres do planeta.

O mundo evoluiu e o Grupo Banco Mundial tamb¨¦m, crescendo e se renovando. Mas h¨¢ algo que permanece inalterado desde 1944: o esp¨ªrito de dever e coopera??o internacional. Essa ¨¦ uma quest?o extremamente importante , em vista dos esfor?os globais para atingir o Objetivo de Desenvolvimento Sustent¨¢vel das Na??es Unidas: acabar com a pobreza mundial at¨¦ 2030.

Axel van Trotsenburg, Vice-presidente do Banco Mundial para a Regi?o da Am¨¦rica Latina e Caribe

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