WASHINGTON, 9 de Fevereiro de 2017¡ª As cidades de ?frica est?o a crescer em popula??o ¨C somando ¨¤s cidades a ¨¢rea de outra Nig¨¦ria, at¨¦ 2025 ¨C pelo que t¨ºm um papel fundamental a desempenhar no crescimento econ¨®mico dos seus pa¨ªses, diz um relat¨®rio do Banco Mundial divulgado hoje. Melhorar as condi??es para as pessoas e neg¨®cios nas cidades africanas, atrav¨¦s de um investimento agressivo em infraestruturas e da reforma dos mercados fundi¨¢rios, ¨¦ a chave para se acelerar o crescimento econ¨®mico, criar empregos e aumentar a competitividade das cidades.
O relat¨®rio, refere que para que o crescimento econ¨®mico acompanhe o crescimento em dimens?o, cidades de ?frica t¨ºm de abrir as portas e ligarem-se ao mundo. A popula??o urbana de ?frica ¨¦ hoje da ordem de 472 milh?es de pessoas. ? medida que as cidades crescem em tamanho, outros 178 milh?es de pessoas ser?o adicionados ¨¤s ¨¢reas urbanas at¨¦ 2025. Na realidade, a popula??o urbana de ?frica duplicar¨¢ ao longo dos pr¨®ximos 25 anos, atingindo mil milh?es de pessoas at¨¦ 2040.
¡°O que ?frica precisa ¨¦ de mais cidades acess¨ªveis, conectadas e apraz¨ªveis¡±, afirma Makhtar Diop, Vice-Presidente para ?frica do Banco Mundial. ¡°Aumentar os dividendos econ¨®micos e sociais da urbaniza??o ser¨¢ fundamental uma vez que cidades desenvolvidas com mais rigor podem transformar as economias africanas¡±.
O relat¨®rio observa que a urbaniza??o em ?frica est¨¢ a processar-se com rendimentos inferiores aos de outras regi?es em desenvolvimento que gozam de n¨ªveis de urbaniza??o id¨ºnticos. Em 1968, quando os pa¨ªses da regi?o do M¨¦dio Oriente e Norte de ?frica se tornaram 40% urbanos, o seu PIB per capita era de USD 1 800 (d¨®lares constantes de 2005). E em 1994, quando os pa¨ªses da regi?o da ?sia Oriental e Pac¨ªfico ultrapassaram o mesmo patamar, o seu PIB per capita era de USD 3 600. Em contrapartida, ?frica, com uma urbaniza??o de 40%, tem atualmente um PIB per capita de apenas USD 1000. Isto significa que cada d¨®lar de investimento p¨²blico em cidades precisa de ser aplicado da forma mais eficiente poss¨ªvel e de alavancar o maior n¨²mero poss¨ªvel de outras fontes de financiamento: setor privado, parceiros internacionais e cidad?os.
A r¨¢pida urbaniza??o com n¨ªveis de rendimento mais baixos significou que o investimento de capital nas cidades africanas permaneceu relativamente baixo na regi?o nas ¨²ltimas quatro d¨¦cadas, em cerca de 20% do PIB. Em contrapartida, os pa¨ªses da ?sia Oriental que se urbanizaram ¨C China, Jap?o e Rep¨²blica da Coreia ¨C incrementaram o investimento de capital durante os respetivos per¨ªodos de urbaniza??o r¨¢pida.
Perante a falta de investimento de capital, o relat¨®rio frisa que os investimentos em infraestrutura nas cidades africanas e em estruturas industriais e comerciais n?o acompanharam o ritmo de concentra??o da popula??o, nem t?o pouco os investimentos em habita??o formal econ¨®mica. ? consider¨¢vel o potencial para investimentos coordenados em infraestrutura, habita??o e estruturas comerciais, o que ir¨¢ refor?ar as economias de aglomera??o e conectar as pessoas a empregos.
O relat¨®rio explica que por causa desta falta de conex?o, as cidades africanas est?o entre as mais caras do mundo, quer a n¨ªvel de neg¨®cios quer de agregados familiares, deixando as cidades ¡°fora de servi?o e encerradas para neg¨®cio¡±. As cidades africanas s?o 29% mais caras do que as cidades de pa¨ªses com n¨ªveis de rendimento id¨ºnticos. As fam¨ªlias africanas enfrentam custos mais altos relativamente ao seu PIB per capita do que os agregados familiares noutras regi?es, sendo uma grande parte atribu¨ªda ¨¤ habita??o, que lhes custa 55% mais do que noutras regi?es. Em Dar-es-Salam, por exemplo, 28% dos residentes moram pelo menos tr¨ºs num quarto; em Abidjan, 50%. E em Lagos, Nig¨¦ria, duas em cada tr¨ºs pessoas vivem em bairros da lata.
Acresce que em ?frica os habitantes da cidade pagam cerca de 35% mais pela comida do que nos outros pa¨ªses de rendimento baixo ou de rendimento m¨¦dio do mundo. Globalmente, os agregados familiares urbanos pagam 20% a 31% mais por bens e servi?os nos pa¨ªses africanos do que noutros pa¨ªses em desenvolvimento com n¨ªveis de rendimento equiparados.
Adicionalmente, os trabalhadores urbanos em ?frica t¨ºm de pagar um pre?o elevado pelos transportes ou nem sequer t¨ºm capacidade para utilizar um ve¨ªculo e os sistemas de mini-autocarros informais est?o longe de ser baratos. O que faz com que muitos tenham de ir a p¨¦ para o trabalho. A necessidade de ter de ir a p¨¦ limita o acesso destes residentes aos empregos. Sem um desenvolvimento formal suficiente, os bairros ilegais que s?o relativamente centrais e, consequentemente, pr¨®ximos dos empregos ¨C como ¨¦ o caso de Kibera em Nairobi e Tandale em Dar-es-Salam ¨C est?o constantemente a crescer em popula??o.
A necessidade de sal¨¢rios mais altos, para pagar os custos de vida mais elevados, torna os neg¨®cios menos produtivos e competitivos, mantendo-os fora dos setores transacion¨¢veis. Como resultado, as cidades africanas s?o evitadas por potenciais investidores regionais e globais e parceiros comerciais.
Perante estas condi??es dispendiosas, as oportunidades de enormes ganhos em efici¨ºncia e produtividade podem fazer com que as cidades africanas se tornem um forte catalisador do desenvolvimento econ¨®mico.
De acordo com o relat¨®rio, a chave para que as cidades africanas se libertem da armadilha do baixo desenvolvimento ser¨¢ coloc¨¢-las no rumo da densidade f¨ªsica e econ¨®mica, conectando-as para uma maior efici¨ºncia e aumentando as expectativas em rela??o ao futuro:
- A primeira prioridade ¨¦ formalizar os mercados fundi¨¢rios, clarificar os direitos de propriedade e instituir um planeamento urbano eficaz que permita o englobamento da terra.
- A segunda prioridade ¨¦ fazer investimentos em infraestruturas precoces e coordenados que proporcionem interliga??es entre habita??o, infraestruturas, desenvolvimento comercial e industrial.
¡°O que as cidades fizerem agora vai determinar o seu modelo e efici¨ºncia n?o s¨® nos pr¨®ximos anos, como tamb¨¦m durante d¨¦cadas ou at¨¦ mesmo s¨¦culos¡±, sublinhou Ede Ijjasz-Vasquez, Diretor S¨¦nior do Banco Mundial respons¨¢vel pelos assuntos Sociais, Urbanos, Rurais e Pr¨¢ticas Globais de Resili¨ºncia. ¡°De um ponto de vista pol¨ªtico, a resposta ser¨¢ resolver os problemas estruturais que afetam as cidades africanas. ?frica precisa de refor?ar as institui??es que regem os mercados fundi¨¢rios e coordenar o planeamento urbano e das infraestruturas. A fragmenta??o do desenvolvimento f¨ªsico ¨C as cidades de ?frica s?o 20% mais fragmentadas do que as da ?sia e da Am¨¦rica Latina ¡ª est¨¢ a limitar a produtividade e a habitabilidade.¡±
Somik Lall, Economista Urbano Principal do Banco Mundial e autor do relat¨®rio, acrescentou que ¡°Em termos de investimento, os dirigentes e formuladores de pol¨ªticas de ?frica precisam de se centrar em investimentos precoces e coordenados em infraestruturas. Sem isto, elas permanecer?o cidades locais, fechadas aos mercados regional e global, condenadas a produzir apenas bens e servi?os comercializados localmente e limitadas na sua expans?o econ¨®mica. As cidades africanas precisam de criar um setor transacion¨¢vel internacionalmente competitivo para ficarem abertas ¨¤ atividade econ¨®mica. Para que tal aconte?a, os dirigentes das cidades precisam de adotar urgentemente um s¨®lido e novo caminho de desenvolvimento urbano em ?frica¡±.
O relat¨®rio Cidades de ?frica, e respetiva pesquisa subjacente, recebeu o apoio do do Reino Unido.